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domingo, 27 de abril de 2014

tanto tempo.

eu tinha uma preguiça da porra de me apaixonar. eu preferia ficar em casa, deitado na cama. era muito mais fácil acender um cigarro e passar a tarde toda de perna pra cima e dividindo a preocupação com o jantar de mais tarde e com o almoço de amanhã. minha rotina chata que se resumia em faculdade, bar, casa, faculdade, bar... se viu atormentada quando você inventou de atravessar a avenida e vir me cumprimentar. pra quê, heim?

eu fiquei tão perturbado naquele dia. voltei pra casa repetindo seu nome involuntariamente e meus olhos pareciam maquinas do tempo travadas; só repetiam sua chegada. insistentemente. depois eu fui me acostumando. me adaptei as dores de ter te conhecido e depois e um tempo, eu passei a gostar de saborear suas esquizofrenias diárias.

eu me sentia um doido de pedra por fazer o que eu fazia e também me sentia bem, porque pensava "são provas de amor. talvez seja compreensível". e quando já parecia estar tudo calmo, quando o trem desgovernado finalmente tinha sido reposto nos trilhos, você me olhou e disse que não era capaz de me fazer feliz. como assim? como não era? que idiotice!

logo depois, ainda meio confuso, voltei pra realidade. eu tinha aula de natação depois e eu ia poder nadar até abrir um buraco na água e te jogar lá dentro, junto com tudo e com toda a felicidade que você não soube me dar. nunca me senti tão puto na vida. eu nadava com tanta força! eu gritava em baixo d'água, desesperado, "por quê? por quê?". sei lá. era como se a piscina toda tivesse cheia de lágrima. de lágrima minha. entre choro, gritos e braçadas, terminei minha aula.

voltei pra casa exausto, enjoado, com dor na cabeça. nada fazia sentido. nada, mesmo! até eu me acostumar com a ideia de que tinha acabado e que eu preferia que um ônibus lotado - que nem aqueles que eu pegava depois da aula - passasse por cima de você.
e hoje, tanto tempo corrido, olho suas fotos e penso "como eu consegui?".