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sábado, 31 de dezembro de 2016

Cruz

Eu não quero mais ter que levar você nas costas. Eu não mereço o peso, você não merece ser carregada. É como se a falta de gosto pairasse como muralha, pesada, sem graça.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Tempus

Decidi levar o tempo comigo
Perto das vistas, a um toque do peito
O tempo pesa e não passa sem levar pedaços.
O tempo rói meu pulso.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Você disse não.

Eu me emocionei e calei. Tentei esboçar reação nenhuma, mas só deus sabe... por dentro eu tava igual a você. A imersão no abraço demorado não foi suficiente, se meu corpo se fundisse ao teu naquele mínimo tempo, ainda não seria suficiente. Por um instante eu senti teu coração socar meu peito num desespero absurdo, quase pedindo pra morar com o meu. Eu vi teu olho cor de fundo de rio encharcado de vontade.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Eu sento do seu lado e me faço de um estranho querendo te beijar.

Eu queria que você chegasse em mim, pelo menos dessa vez. Chegue intensa, diga o que quer, me bata, me morda, me beije. Chegue e se jogue. Diga que tudo vai ficar bagunçado e que precisará da minha ajuda pra recolocar as coisas nas estantes. Me puxe pelo braço e fale sobre esses nós goela a dentro. Seja enérgica e me prove, pelo menos dessa vez, que me quer. Você sabe que pode. Você sabe que eu espero apenas que você chegue.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Desgosto

Demorou demais até que eu conseguisse admitir e talvez essa demora tenha sido a chave certa para a porta errada. Abri exatamente a porta do seu quarto. Li seus livros, ouvi seus discos, vesti suas roupas, calcei seus tênis. E deixei um pouco de mim nos lençóis, na colcha florida e no travesseiro. Pedi que as paredes e espelho resguardassem nosso segredo e guardei uma foto borrada pra me torturar durante 10 dias que viriam. As vezes o motivo da explosão pode ser um gás invisível e inodoro que vai preenchendo tudo, cada canto mínimo, cada fresta milimétrica e um peito em brasa. Meu peito em brasa. Bastou uma centelha e o mundo, o nosso mundo, foi pelos ares. Tudo queimou, derreteu, acinzentou... mas, acredite em mim, os 10 primeiros dias foram os piores. Os 10 primeiros dias são sempre os piores. Tudo o que vem depois é só poeira.