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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Despedida

Às viagens que não fizemos
Aos sonhos que não vivemos
E às lembranças que nunca existiram.


Esse é o ultimo bom dia, Bam.
Eu queria tirar você de mim como quem desveste uma roupa ou, então, limpar você do meu corpo com um banho. Mas não é assim, né? A gente precisa aprender a conviver com as perdas, aprender a anestesiar todas as dores sozinho.
Seria mentira se dissesse que não penso em você.  Eu penso... E só paro de pensar, quando adormeço. Como que eu vou dizer tchau pra você, Bam? De onde eu vou ter força pra tentar fazer melhor todo dia? Foi pra você e por você que eu sai da inercia. Antes de você eu era só um bocado de tanto faz. Agora, por você, eu sou.
E eu só queria dizer que eu tenho uma enorme gratidão por tudo que ficou, por tudo que mudou, por todas as cicatrizes que vão ficar...

Com todo amor do mundo que se jogou no mar, mas aprendeu a nadar,

Do seu sempre eu.

Pode ser - Banda do Mar

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Só falta mais uma carta.

Oi, meu bem, minha Bam

Hoje eu estive pensando em como isso tudo é engraçado.
Você sumiu do meu mundo tão rápido quanto a fumaça do meu cigarro. E eu se quer tive como correr atrás e alcança-la... Ai, Bam... Isso aqui é quase um depósito de vontades, de frustrações, de coisas que eu queria te mostrar, te escrever.
Coisas que lembram a gente, que me lembram você. É difícil, meu bem, minha Bam. Em toda parede tem seu nome riscado em letras grandes, sabe. Parece um alerta. Só não sei se de "pare" ou se de "siga em frente"...
Imagino qual será sua reação quando souber de tudo isso. Tenho certeza que vai ser de muito espanto, se eu bem conheço. Mas quem disse que eu ligo? Isso tudo é seu, Bam. Inclusive eu.

Com todo medo e amor do mundo,

Eu.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Risco de faca.

Bam, acho que coloquei meus dois pés nos chão... Pelo menos por enquanto.
O que antes era um corte profundo, que doía noite e dia, hoje é cicatriz.
Será que você sarou em mim?
Trago cicatrizes nos dois joelhos... Quando eu era criança, Bam, era o desastre em pessoa! E eu lembro de cada uma, sabe. A primeira, no joelho direito, foi no parquinho lá da escola e teve outra que foi descendo do pé de manga que tinha lá na casa da vó.
Mas, sabe, você é a cicatriz mais bonita que eu tenho, é a que eu olho e gosto de lembrar. Bem mais que todas, inclusive!
Quem não tem uma cicatriz, nunca viveu de verdade. Eu vivi. Vivi, por alguns meses, mas vivi, por você. Vivi o tempo necessário até você cansar e me fazer parar de respirar a força.
Eu tive que aprender a conviver com as lembranças amargas e doídas dessas marcas que me tiraram sangue. Você, Bam, me tirou bem mais que isso e só me deixou um risco fino no peito.

Ps.: Na 30ª carta, eu enviarei todas as outras 29 aara você.

Com o todo amor do mundo que mora dentro de uma cicatriz,

Eu.