+MAIS

domingo, 6 de agosto de 2017

Domingo aos montes.

Mal levantei da cama. O dia todo dividido entre o pensar e o dormir. Dormi pra não pensar, acho que foi isso. Dormi de tanto pensar na esperança de acordar e não ter mais que dividir você. Talvez só dormi. Talvez só pensei. Esqueci das horas por horas e duas ou três palavras saíram da minha boca o dia todo. Aos domingos eu prefiro escutar. É como se falar desse forma ao pensamento, como se a língua esculpisse uma paranóia sobre meus travesseiros. Domingo aos montes. Domingo sendo domingo, eu sendo domingo, música e silêncio sendo domingo. Agonia em câmera lenta. Coisas miúdas reverberando a todo instante. Eu sei das coisas que quero, muito mais das que não quero e penso, mesmo de querer, que não adianta pensar. O furo cinlíndrico na coxa esquerda é consequência da broca do pensamento. Quase acerta uma veia importante, as paredes sabem. E se morro de pensar? Me disseram que os dois lençóis freáticos mais importantes do mundo ficam guardados num espaço minúsculo entre as pálpebras inferiores e as maçãs do rosto. Temos que poupa-los para emergências. Domingos são emergências. Se penso e não durmo, seco os lençóis pra regar outros lençóis.