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terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O filme sobre palhaços

Você não vale esse monte de cigarro barato que eu compro em qualquer banca só pra amenizar a merda da ansiedade que você me causa, entende? Eu perdi muito tempo me importando, sabe... Talvez você nem imagine quantas noites idealizadas, quantas viagens programadas, quantos filhos lindos e já criados, quantos anos inteiros arquitetados em uma casa incrível, na grande capital. Tudo que eu queria. Tu-do que vo-cê queria! Tudo na minha cabeça oca. Não passou de um sopro forte e quente dentro dos ouvidos, daquele que te deixam surdo, com um zunido agudo dentro da cabeça, arremessando navalhas no cérebro. Nossa história poderia virar um roteiro de filme, desses que você não consegue nem distinguir o idioma! Sem ritmo, sem roteiro, sem enquadramento ou planos sequência, a grande confusão programada pra fuder com seu psicólogico e te fazer querer ver um desenho animado pra aliviar o pós. Eu nem tinha começado ao certo e já tinha noção da fragilidade nas suas palavras, dos seus olhos sujos e rasos. Eu não sei o propósito... Eu nunca soube. Vivi como pude, me agarrei aos mínimos detalhes, me equilibrei sobre a ponta dos dedos na corda bamba do teu coração.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Dama

Antes tivesse sido só o cheiro na camisa ou uma marca de batom, sei lá. Você não esqueceu sequer um par de meias ou qualquer outra desculpa só pra voltar, sentar de novo no sofá e tomar a última garrafa de cerveja como se nada tivesse desmoronado. Quantas vezes eu não saí em busca de qualquer migalha, qualquer faísca que fosse. Você me deu as cinzas antes mesmo do incêndio e nem olhou pra trás quando me ouviu chamar. É como se você tivesse simplesmente virado o tabuleiro no ponto alto do jogo. A diferença é que eu fiquei pra juntar as peças e você não.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Passado, presente

Eu fico pensando na quantidade de vezes que você foi embora. Na quantidade de vezes que eu me decepcionei com suas idas. No quanto aquilo tudo me dilacerava de dentro pra fora. Eu fico pensando na quantidade de vezes em que você me machucou, me feriu, me magoou. E tudo por que você nunca esteve aqui.

Ah, mulher... é como se bastasse o querer... Nós sabemos, talvez mais que qualquer um, que não basta só isso.

Você precisa ir embora.
Já não existe espaço pra suas indecisões.

Carta aberta à senhorita do metrô.

Eu olhando pra ti, sentada no batente, imaginei quantas vezes o sol baixou por trás do teu sorriso miúdo, quantas vezes o sol se fez na tua pele de bronze. Não existe silêncio entre a gente. Eu te falo com os póros, tua resposta é risada. Tu sabe que eu não aguento, eu beijo, eu desejo, eu fico até mais tarde só pra te ver fumar enquanto espera o metrô.