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terça-feira, 14 de abril de 2015

Bom dia,

Escrevo de longe, talvez de uma galaxia que nem eu mesmo sei qual o nome ou em que sistema solar ela se encontra.
Mas eu não estou perdido.
Da janela dessa espaçonave, posso ver meu reflexo quase desvanecido e é nele que eu me me acho. É da janela que reflete meus olhos borrados que eu me vejo e me sinto e me faço norte. Janela que reflete janela, consegue me entender?
Aqui em cima tudo é extremo: silêncio extremo, escuridão extrema, eu extremo.
E quando, por um infeliz acaso, toco o metal gelado desse dispositivo hermeticamente fechado, me lembro de você. Seu olho grande, tão infinito quanto esse espaço em que estou mergulhado. Quantas vezes eu achei que iria morrer por você? Quantas vezes eu realmente morri?
Dentro de mim, dentro dessa nave, dentro desse espaço, não há mais espaço pra você. E eu não sinto muito. Cansei de rasas profundidades, de deitar sobre você e te sentir areia movediça. A vez é minha. Durantes esses dias eu quero viajar sozinho, num espaço que seja só meu.