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domingo, 29 de novembro de 2015

Sick

Você se impõe e eu obedeço.
Como um pequeno animal domesticado
Ou um selvagem domado.

Você me põe de bruços
E enquanto suspende uma Ginsu
Por um fio quase imperceptível
Sobre meu ombro esquerdo
Me pede calma, amor.

Eu estou calmo
Sereno
Dopado
Em torpor.

Até que ponto podemos proferir
Sem danificar ou ferir?

Meu amor adoeceu.
Inanição, talvez.
Você nega alimento
Você nega água
Você me nega e renega.


quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Quinta-feira

Por favor, não deixa eu me acostumar com tua ausência. Não deixa que esse amor todo morra de falência. Quando meus olhos repousam no castanho dos teus é como um barco que avista terra firme depois de tempestade em alto mar. É em ti que tudo começa e termina, então por favor, não deixa eu caber no vazio que vai ficar se tu for embora. Quando eu segurei tua mão pela primeira vez, naquela quinta-feira que tinha tudo pra dar errado, foi ali que eu reparei que eu não queria nunca mais soltar de ti. Deixa a paciência do tempo confortar nossas angústias, deixa a gente ficar junto tempo suficiente pra esquecer o que significa saudade, mas por favor, não faz com que eu me acostume e aceite tua escassez.

PS. Se um dia tu achar medida pro amor, que seja tão leve quanto aquele chuvisco que molhou a gente no show do Silva.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Vou

Eu vou deixar meu pensamento debaixo da tua pele, onde ele insiste em habitar desde a primeira vez que eu te vi.
Eu vou deixar meus olhos morarem dentro da tua camisa de listras, por que foi lá onde eu me vi mais feliz.
Eu vou deixar minha língua repousar na tua e contar quantas constelações cabem no céu da tua boca.
Eu vou deixar minha mão soltar o cigarro e os mil problemas, pra segurar na tua.
Eu vou deixar meu corpo todo suspenso do desejo de te ver de novo e de te ter por perto enquanto o pra sempre durar.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

O meu amor é um alimento pro teu ego

Enquanto eu mendigo atenção e me jogo aos teus pés
Enquanto eu imploro migalha de qualquer sentimento e espero de joelhos teus olhos pousarem em mim
Tu sorri e se ocupa com tudo
E acalanta terceiros e quartos
Se maldiz dia e noite e me cobra o que já tem
E eu bobo, teu capacho, faço das tripas coração e cedo por que penso que amo e por que penso que acredito e por que penso que me engano

terça-feira, 10 de novembro de 2015

O peso

Em volta do pescoço existe uma grande corrente
Que puxa
Que pesa
Que entorta
E quase quebra.
Mas não quebra por que na outra ponta é você
Que segura
Que se pendura
E me enverga.
É seu olho castanho, seu mamilo rosado, seu lábio corado. São suas partes e você por inteiro. É tudo que me põe na boca com a falsa promessa
De amor sem pressa
Que cuida e espera
Que ama e tolera
E que ainda venera
Essa história com fim.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

bípedes

Andamos separados por vontade dos acasos. De repente aquele rio que nós nos banhavamos mudou o percurso.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Quando meu planeta entrou na órbita da tua cintura.

Meia luz.
As paredes úmidas, silenciosas, atentas. Ouviam e gemiam mudas. Cúmplices da minha língua, das pontas dos meus dedos, da minha perna entre as suas. Boca com boca e boca com nuca e boca sussurrando quentura no pé d'ouvido e boca descendo pescoço a baixo e boca e mamilo e água e sal. A mão não repousa. Puxa, vira, circula, sobe e desce, lenta, rápida. Sua vez, minha vez. Me ponho entre suas pernas e mordo suas coxas e beijo outros lábios. Então são espasmos lambuzados de orgasmos e mais espasmos e vapor na fenda que mela. O peito nu, o dorso quente. Levita sobre meu rosto teus sete mares enquanto todos os planetas entre minhas mãos orbitam na tua cintura.