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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Bálsamo Benigno



O perfume se espalhou por toda a sala... Era um floral e lembrava minha infância. Eu só pensava em descobrir de onde vinha aquele cheiro bom. Então eu fui caminhando pelos corredores, meus pés percorriam o chão de azulejos brancos e minhas mãos percorriam a parede meio áspera e branca. De repente eu vi a porta aberta, todo o jardim amostra. O vento sacudia os três pés de goiaba... Parecia até fazer cócegas!  Andei mais um pouco, fui me guiando pelas lembranças. Lá estava eu, de frente a um imenso jardim banhado de sol. Não havia flores, somente uma grama fofinha e os pés de goiaba. Por um segundo esqueci do perfume e mergulhei no meu relicário de memórias... Lá estavam algumas viagens que eu fiz, alguns brinquedos que possui, pessoas que ainda estão vivas e outras que já se foram... E o cheiro. Ah, o cheiro... Retornei devagar e deparei-me com a busca novamente... Ah, a sombra do pé de goiaba, talvez lá estivesse à resposta! Caminhei lentamente pela grama, eu podia sentir a terra úmida nos pés, o vendo soprava meus cabelos e vestido, e o sol esquentava meus braços e minhas bochechas...  Sentei-me embaixo da sombra e recostei minha cabeça no tronco desbotado da árvore. De onde vinha o cheiro? Essa era a incógnita mais ‘irrespondível’ naquele momento! Olhei para os lados e a sombra me embriagou... Fechei os olhos, o cheiro percorria meu corpo todo – eu sentia dentro de mim, sentia o perfume floral com a alma! – o melhor sentimento do mundo! Peguei-me rindo do nada, minhas bochechas coradas pelo sol apertavam meus olhos e lá estava eu: sentada na grama, sorrindo em busca do meu bálsamo benigno. Senti um toque suave na perna esquerda. Junto do toque o perfume! - Era dela! A fragrância vinha dela! – O conforto do afago me transportou, por pensamento, ao colo da moça de cabelos compridos e o cheiro... Ah o cheiro... Fez-me um bem imenso, me renovou a alma, relembrou-me do ontem e me propôs um novo hoje.

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