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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Se desfaça.

Não me empolgo mais com suas indas. Você não fica.
É um vem e vai sem fim, dessincronizado, entediante, instável.
Antes eu esperava, eu contava cada segundo e até me ocupava com mil coisas só pra não enlouquecer de ansiedade.
Era como se cada chegada sua trouxesse luz, som, cheiro.
Era você chegar e eu conseguir despir meus olhos e ver que sim, havia vida, mas só enquanto você estivesse ali.
E de repente você ia embora.
Sem muitas explicações. Apenas ia porque estava com a cabeça cheia.
Os seus problemas, as suas confusões, os seus desgastes.
Não me importava de conviver com eles. O que me irritava de verdade era que por conta deles você se ia.
E ia levando tudo que trazia. A luz. O som. O cheiro.
Só uma coisa ficava: um vazio.
A casa de dois cômodos se transformava em um enorme buraco negro. Sugando minha paz, minha força, minha vontade.
Mas no fundo eu me confortava na certeza que você iria voltar. Como sempre.
Dos retalhos que sobravam de mim, a cada vinda e ida sua, eu fiz uma  colcha.
Nada é eterno. A costura se desfez.
Suas chegadas ficaram mais sem graça. Na verdade acho que me acostumei com a rotina de me despedaçar e me refazer dia sim, dia não.
Não me empolgo mais com suas vindas. Você não fica.
Vá de vez. Se faça esse favor.


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