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domingo, 18 de junho de 2017

Dois passos.

Quando tu me disse que precisava ir, acho que todo o sangue do meu corpo escorreu pro nada. Provavelmente, pela tua cara de espanto, eu deva ter ficado completamente descorada com a notícia. Abri a porta lentamente, rezando que tu desistisse a cada virada que a chave dava dentro da fechadura. Tu e tua calma absurda, juntando as coisas aos poucos - a chave do carro, o óculos, a carteira e meia embalagem de Trident - e eu em pé do lado da porta. Muda, surda, cega, descrente. Porque era nítido que se tu saísse ia ser pra sempre. Ninguém beija daquele jeito quando sabe que vai beijar no outro dia ou depois. Ninguém abraça e respira fundo, como que aspirando o resto de vida que brota do pescoço do outro, se não for pra cair no mundo sem volta.

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