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domingo, 19 de julho de 2020

Precisamos gastar esse amor o mais rápido possível. Deixá-lo por todos os lugares da cidade, em todos os quartos daquele motel barato que pelo menos uma vez por semana nós íamos pedir uma suíte, por favor. Precisamos gasta-lo em vinte playlists no Spotify, dez delas com as mesmas músicas em ordem diferente. Precisamos gastar sem pena e pudor. Precisamos rasgar, queimar, explodir, implodir, roer o caroço, mascar, colocar em mastros, deixar o vento levar, jogar ao mar, deixar que colida a duzentos quilômetros por hora em qualquer sólido com o dobro do seu tamanho. Precisamos chorar, espernear, vomitar, foder, pisotear, jogar na primeira lixeira depois daquela maldita esquina. Precisamos mandar a Marte ou a Júpiter, deixar que morra em alguma lua ou que derreta quando a chegar à distância mínima do sol. Precisamos expurgar, exoscisar, entregar como oferenda, mandar pra puta que pariu ou pro raio que o parta. Precisamos urgentemente dar um fim. Sufocar, esquartejar, empurrar do penhasco, afundar no meio do São Francisco, abandonar na sarjeta, guilhotinar. Precisamos que ele morra a facadas ou a tiros, dilacerado por animais selvagens. E precisamos que ele viva pois já não vivemos sem tê-lo. Não vivo sem amar você.

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