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terça-feira, 20 de abril de 2021

 

nunca me saiu da cabeça o causo que a professora de história de nem sei que série contou. Era uma aula específica sobre castigos ou torturas. Ou castigos e torturas. Medievais, em presos de guerra ou ditadura.

Pessoas amarradas, depois de terem seus corpos rasgados por chicotes com navalhas amarradas nas pontas, recebiam em suas feridas expostas, longas mechas de cabelo em movimentos de ir e vir. Incansáveis movimentos de ir e vir por entre a pele dilacerada até que algum objetivo entre matar este ou aquele fossem alcançado.

Cabelos. Longos, lisos, macios. Feridas. Profundas, vermelhas, talhadas na carne humana.

Como a carne, forte perante um fio, um mísero fio de cabelo, se via tão vulnerável? E me passava a cena repetidas vezes. E me perguntava repetidas vezes: como?

Quando estamos abertos. Quando deixamos qualquer brecha que leve a próxima camada do ser, é sempre e exatamente por onde passam as mãos que seguram suas espadas de fios de cabelos longos, lisos e macios, amolando na alma, em leves e sentenciáveis movimentos de ir e vir, a bainha da dor.

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