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sábado, 11 de dezembro de 2010

4 F’s

Nas horas conturbadas eu refaço meus desejos. Vontades postas em segundo plano tornam-se palpáveis outra vez. Culpa de fatores adversos, culpa de sentimentos ressuscitados que nunca sequer morreram. É assim mesmo, quando um sistema entra em crise o melhor a fazer é dispersar seus dependentes. Objetos descartáveis, assim como pessoas e relacionamentos descartáveis. A teoria dos quatro ‘éfes’ – find, feel, fuck, forget – é muito utilizada enquanto a áurea da beleza se faz presente. Há um medo oculto. Ninguém que perder o que ainda não achou. Geração agridoce – depende do paladar que a prova – bipolar, dúbia, precoce e bissexual. Direções, orientações, conexões indispostas. Cores nos cabelos, belos sorrisos tortos, amigos que dizem ‘eu te amo’ com a mesma freqüência dos ‘e ai?’. Mas tudo é uma questão cultural e o ‘bom dia’ já está muito ultrapassado. Adorar, venerar, outro objeto e mais uma vez repete o erro e quebra a cara de tanta decepção. Poupe saliva e gaste uma fortuna de atos. É muito fácil beijar a face e negar depois. No vai e vem das ruas e calçadas e elevadores, elevam-se as dores e um cigarro se torna o melhor remédio para a covardia. O flash ainda faísca nos olhos a foto de outrora e de repente todos ali sabem o efeito que a bala tem. Não há sangue derramado. Corporações vomitam informações em grandes ventiladores, pois a intenção é contaminar os ares. O sexo deixa um cheiro estranho no corpo e uma marca bem no meio da testa. É difícil não chorar ódio, mais difícil ainda é não se envenenar com o próprio veneno. Ser alheio é o que há de bom. É o que temos pra hoje.

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