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sexta-feira, 8 de maio de 2015

Cinco pra vinte

Eu só queria saber onde você vai almoçar hoje. Antigamente eu conseguia medir a distância dos seus passos e saber exatamente onde eu poderia ir pra lhe encontrar.
Você costumava morder os lábios quando eu discordava e, às vezes, eu fazia de propósito. Diz que ainda faz isso, por favor! Seu rosto corado depois da briga era sempre um convite lindo em nome da paz. O abraço era mais apertado e o sorriso confortava mais do que Dramin durante uma longa viagem de carro.
Eu sou torto, um autêntico Quasímodo, enclausurado de mim mesmo, mas liberto ao lhe ver, minha Esmeralda. Foi bom dançar no meio da praça, sob os olhos do mundo, sem medo ou pudor. A culpa nem encostava em nós, sabia? Aliás, nem a culpa e nem o tempo, o nosso maior inimigo, o grande vilão.
Já passaram messes, pra lhe falar com verdade e pesar, passou quase um ano! Tudo é vivo, cintilante, cor-de-sentimento. E se passar mais hora, dia, mês e ano, onde eu vou parar? Onde o mundo vai parar se eu não puder mais ver você? Nada tem sido normal e os dias são terrivelmente comuns, secos, esticados a força.
O tempo voltou a ser o vilão, não mais pela sua vontade em ser veloz, mas pela sua lentidão insuportável. Agora ele passa tão devagar, tão arrastado e pesado que sai rasgando um buraco em todos os espaços que sua ausência se faz presente.
Fiquei assustado ao me dar conta que faltam cinco anos pra dois mil e vinte e eu nem sei se ainda vou poder lhe sentir outra vez.

Ps. Onde estamos e quem somos só importa de segunda à sexta, de oito da manhã às cinco da tarde.