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sexta-feira, 24 de julho de 2015

Muito tempo depois de quase.

- Por que você acha que a gente não deu certo daquela vez?
- Pressa.
- Tu acha?
- Sim. Eu queria ficar muito perto de ti... Talvez tenha sido isso...
- Mas eu queria ficar perto de ti - nessa hora ela passou a mão no cabelo e o fastou do rosto - só queria que não fosse tão agoniado.
- Ah, sei lá... - olhou pro lado, certificou-se de que o sofá estava vazio e voltou a olhar a tela do celular.
- É... Complicado.
- Mas passou, né?
Por alguns segundos, ela fitou o nada e se perguntou se realmente havia passado. Passado o que? Era isso que podia se ler em todo o seu rosto.
- Não sei. Acho que não passou...
- Olha, desculpa de verdade se eu ainda tô te causando algum problema, nunca foi e nem é minha intenção! - então, por alguns segundos o seu corpo todo foi tomado por uma sentimento inexplicável. Do outro lado da tela do celular, alguém lia aquelas palavras e sentia que não deveria ter tocado nesse assunto. Agora já era tarde.
- Besteira.... O problema é que eu nunca consegui aceitar você não ver que eu me esforcei. Poxa, eu virei meu mundo todo de cabeça pra baixo! Se eu não fiz mais, desculpa, mas é por que não deu tempo.
- Desculpa.
Foi nessa hora que as palavras começaram a ser falhas e insuficientes pra ambas. Depois de tanto tempo, de tanta mágoa, parecia que qualquer coisa beirava o vácuo.
- Bobagem.
Ela já havia apagado a luz e deitado em sua cama. Ainda era cedo da noite, mas o peso do dia e dessa conversa esgotou qualquer vontade de prolongar o assunto. Virou-se, desligou o celular e o apoiou na mesa de cabeceira.