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sexta-feira, 23 de setembro de 2016

A primeira vez que eu chorei em público foi por trás dos óculos de sol.

Segunda-feira. De cara... Eu quase não aguentei.
A hora não passava e de repente eu me vi escorrendo pela cadeira, escorrendo pelo chão.
Tinha um pouco de mim por todo canto, entre as frestas do piso velho, empoçado sob os pés da mesa. Recompor era palavra de ordem e eu só queria descobrir como fugir daquilo tudo.
Deixei seguir. E fui, fui, fui... Até me perder por completo em qualquer buraco sujo. Um ralo-salvação, talvez. Silêncio escuro, pesado, meu. Não há poesia. A diferença sutil entre esvair e escorrer é triste. Quando eu era menor e brincava a tarde toda na rua, subindo em arvore, tropeçando nas pedras soltas, era mais fácil por que eu não escorria, nem sentia dor, nem calor, nem lembrava que o tempo era do time contra. Hoje as juntas doem, as costas se curvam às desgraças involuntariamente. E tudo escorre, todo dia, toda hora.